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O processo de individuação

Foto do escritor: Cláudia CasavecchiaCláudia Casavecchia

De acordo com Jung, “a individuação, em geral, é o processo de formação e particularização do ser individual e, em especial, é o desenvolvimento do indivíduo psicológico como ser distinto do conjunto, da psicologia coletiva. É, portanto um processo de diferenciação que objetiva o desenvolvimento da personalidade individual.”. (JUNG, 2012, p. 467).


Para Silveira, (1981) o termo processo de individuação sugere um percurso espontâneo, não linear, onde o homem que o inicia percorre diversas etapas, afim de superar os condicionamentos oriundos da sociedade e da cultura que estruturaram a sua personalidade. Dessa forma, podemos dizer que existem no interior de cada indivíduo duas tendências: a alienação e a individuação e o conflito entre o Eu e a coletividade é inerente ao processo, bem como a confrontação entre os polos da psique, que é definida por Jung em aspectos antitéticos, ou seja, opostos entre si. Então, a consciência que nasce do psiquismo inconsciente, tem como centro o eu ou complexo egóico e compreende um sistema particular de crenças, valores pessoais e ideias formuladas pelo homem, abrangendo também os valores e ideais vinculados à esfera coletiva, denominada por ele de consciência coletiva.


Já o inconsciente ou Não-Eu, de acordo com Tanese Nogueira, (2019) associa-se a uma dimensão psíquica que está, com frequência, na base de toda a ação do homem, mas é por ele ignorada. Tal dimensão contém pensamentos, emoções, instintos, impressões e padrões de comportamento. Além do inconsciente pessoal, Jung defende a existência de um inconsciente coletivo, constituído pelo patrimônio histórico-cultural de toda a humanidade, que atua e interfere na psique individual. Tendo assim, o Eu como o centro da consciência, encontra-se o Si-mesmo enquanto centro da personalidade, compreendida por Jung de maneira dinâmica, como a totalidade da vida psíquica do homem.


Para Montefoschi, (2020, p.61) “o conceito de Si-mesmo é dinâmico, pois se refere à experiência que o homem faz da contínua e progressiva superação do conflito que acontece nele, entre consciência e inconsciência”, representando também uma condição existencial que o homem vivencia como sujeito e ao mesmo tempo, como objeto. Sendo assim, o processo de individuação é o meio pelo qual o sujeito se desidentifica da consciência coletiva, desenvolvendo a sua personalidade a cada conflito superado. Esse processo ocorre quando o Eu consciente torna-se receptivo aos conteúdos do inconsciente, reconhecendo-os como próprios, já que eram afastados da consciência, por representarem uma ameaça à sua própria existência.


O sujeito que não faz de si mesmo o objeto de seu conhecimento, permanece alienado, ao permitir que suas escolhas e comportamentos inconscientes governem seu destino, mantendo assim, o ego como um imperativo e limitado senhor. Portanto, resgatar o diálogo entre Eu e Não-Eu, integrando conscientemente os conteúdos que emergem, proporciona ao indivíduo a paulatina transformação da personalidade e a consciência do Self, enquanto verdadeiro centro da identidade do homem. O conceito de individuação pode ser considerado, o fio condutor de todo o manancial teórico Junguiano, constituindo o cerne da imensa produção literária do autor, que assim conclui: “Mediante o estudo das evoluções individuais e coletivas, e mediante a compreensão da simbologia alquimista cheguei ao conceito básico de toda a minha psicologia, o processo de individuação”. (JUNG,1963, p.184).


Cláudia Casavecchia


JUNG, Carl Gustav. Fundamentos de psicologia analítica. Petrópolis: Vozes, 1991.

JUNG, Carl Gustav. Memórias sonhos e reflexões. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1963. SILVEIRA, Nise da. Jung, vida e obra. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.

TANESE NOGUEIRA, Adriana. A Psicologia Transpessoal da vida cotidiana.

São Paulo: Biblioteca 24horas, 2019.

 
 
 

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