Para compreender o que Jung denomina processo de individuação, faz-se necessário o entendimento acerca do que representa o diálogo entre as principais estruturas que fundamentam a psique humana: o consciente e o inconsciente, visto que, tal comunicação é geralmente ignorada pelo homem comum, que tem seu olhar voltado para os fenômenos externos a si mesmo, numa perspectiva objetivante, desconsiderando assim, as manifestações interiores que refletem sua vida psíquica, como por exemplo: o fluxo de imagens oníricas, as projeções que pertencem a si e que são lançadas em suas relações, os símbolos que emergem de maneira espontânea e lhe tocam ou perturbam de algum modo que ele não compreende, por estar identificado demasiadamente com o aspecto consciente de sua personalidade, o eu.
Assim, a partir do momento em que o sujeito observa que além da vida social, externa a si mesmo, há uma vida interior, abrem-se as portas para um possível diálogo entre essas duas esferas, possibilitando o que Montefoschi (2020) defende como a primeira contradição da condição humana experimentada pelo indivíduo, pelo fato de ser ao mesmo tempo sujeito e objeto da própria existência. Dessa forma, o homem pode fazer de sua subjetividade, um objeto de conhecimento, ou seja, o autoconhecimento que, na perspectiva psicanalítica não se reduz à compreensão do comportamento do eu, mas acima de tudo, se debruça sobre o conhecimento do chamado, não-eu, ou inconsciente.
Cláudia Casavecchia
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