Se o percurso analítico consiste em trazer à luz da consciência os conteúdos inconscientes, a fim de integrá-los, promovendo assim uma efetiva libertação do indivíduo, será preciso compreender sucintamente quais são os instrumentos utilizados para tal finalidade e de que maneira atingem o objetivo proposto.
No presente estudo, cabe apresentar brevemente a imagem simbólica como principal instrumento facilitador do trabalho analítico, já que foi amplamente utilizada por Jung, como principal método de contato consigo mesmo e de onde praticamente toda a estrutura da teoria analítica tomou forma. Tal ferramenta, foi denominada imaginação ativa e consiste em deixar a imaginação acontecer livremente, de modo a aproximar consciente e inconsciente, visando uma síntese simbólica, que, elaborada, pode promover a transformação necessária. Tal método terapêutico recebeu diversos nomes, antes de ser utilizado por Jung como imaginação ativa, pela primeira vez no domínio público, em Londres no ano de 1935. (CHODOROW, 1997).
Para Montefoschi, (2020, p. 50.) “a máquina psicológica que transforma a energia é o símbolo” que “nasce então, como projeto existencial de harmonização dos opostos em recíproca tensão e, portanto, intermedia a manifestação da libido.”. Dessa forma, o símbolo constitui um produto do diálogo entre consciente e inconsciente, contendo em si, os respectivos polos que o constituíram. Tal síntese representa um movimento ou perspectiva de movimento da energia psíquica, que liberada de um conflito, pode alcançar novas metas, já que as imagens produzidas possibilitam a transformação da libido, bem como o seu direcionamento, que aponta para o desenvolvimento psíquico. (CONTI, 2016).
Para Sanford, (1987) a técnica da imaginação ativa consiste na focalização de uma imagem, voz ou figura do inconsciente, onde o Eu de maneira ativa entra em contato, a fim de interagir com essa imagem que segundo Kast (1997) é produto da linguagem simbólica que está presente nos sonhos, fantasias conscientes e inconscientes, e pode se apresentar de maneira bem plástica, determinada por cores ou formas, ou expressas ainda, por meio de memórias olfativas ou gustativas, pela memória de um toque ou de lembranças auditivas, por exemplo.
Para Jung, esse processo pode acontecer espontaneamente ou ser induzido artificialmente. Nesse último caso, você escolhe um sonho ou alguma outra imagem da fantasia, e se concentra sobre isso, simplesmente apoderando-se dele e olhando para ele. Pode também usar um mau humor como ponto de partida e logo tentar achar que tipo de imagem fantasiosa ele vai produzir, ou que tipo de imagem esse humor manifesta. Você fixa então essa imagem na mente, concentrando a sua atenção. Normalmente ela mudará, sendo que o simples fato de a contemplar dá a vida.
As alterações devem ser cuidadosamente anotadas durante o tempo todo, porque elas refletem o processo psíquico, pano de fundo do inconsciente, que aparece sob forma de imagens, revestidas do material fornecido pela memória consciente. Dessa forma, consciente e inconsciente estão unidos, assim como uma queda d’água une o ‘acima”, com o ‘abaixo’. (JUNG, 1963, p. 495 apud SANFORD, 1987, p. 159).
Cláudia Casavecchia
JUNG, Carl Gustav. Tipos Psicológicos. Rio de Janeiro : Vozes, 2012.
KAST, Verena. A imaginação como espaço de liberdade: diálogos entre o ego e o inconsciente. São Paulo: Loyola, 1997.
SANFORD, John A. Os parceiros invisíveis. São Paulo: Paulus, 1987.
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