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Como ocorre a evolução da consciência?

Foto do escritor: Cláudia CasavecchiaCláudia Casavecchia

O termo sujeito reflexivo, é introduzido pela primeira vez na teoria psicanalítica por Silvia Montefoschi (2020, p.198) que o define como "um plano mais alto de visão, no qual a consciência, mesmo participando da união com o inconsciente, se salva como presença." Tal fenômeno ocorre quando o indivíduo se distancia da percepção imediatista que tem de si mesmo, de seus conteúdos emocionais e do próprio conhecimento que adquiriu sobre si e “ao refletir sobre este conhecimento, descobre em si o sujeito que conhece e o objeto que é conhecido". (MONTEFOSCHI, 2020, p. 151).


Assim, no momento em que o homem se desloca para o plano do sujeito reflexivo, pode reconhecer em si mesmo, não apenas aquele que conhece, como também a objetualidade do material subjetivo que se faz presente, concluindo que não é ele que conhece o ser como um dado fora de si mesmo, mas é o ser que, em si próprio, se reconhece. Nesse momento, um grande salto ocorre no percurso evolutivo do indivíduo, que então se vê além do sujeito do conhecimento e alcança uma nova identidade dialética que se percebe parte de um processo constante de transformação.


Dessa forma, é a tensão gerada pelos conteúdos que emergem do inconsciente, observados de maneira consciente pelo Eu, que somente a partir dessa dialética entre os dois planos, pode se desdobrar num terceiro sujeito que reflete sobre as duas tendências que se apresentam: ou o Eu se abre aos conteúdos que surgiram e que ameaçam a sua integridade ou lhes nega, por assim dizer. Que outra alternativa teria o indivíduo que chegando ao estágio onde sabe que não podendo mais sucumbir, nem fugir, poderá enfim, a partir da decisão de sustentar essa ambiguidade, criar uma nova realidade e dar um salto evolutivo que o permite ir além de seu próprio paradigma pessoal, onde a cada conflito integrado, incorpora para si novos valores, tornando o ser cada vez mais ancorado na realidade, ou ainda, possibilitando o trabalho de parto do próprio ser.


De acordo com Tanese Nogueira (2019, p.80) “o único caminho garantido para a saúde psíquica e o progresso humano é o da integração dos conteúdos inconscientes. Como o ego, por definição se coloca numa posição defensiva e o inconsciente é uma força impulsionadora que precisa ser integrada responsavelmente pela consciência, é necessária uma terceira posição no sistema psíquico, que permita que o encontro entre esses opostos aconteça”. Trata-se assim de uma realidade que se desdobra entre um sujeito que conhece e um objeto que é conhecido, sendo ele mesmo, o objeto de seu conhecimento.


Temos assim, a exposição de dois conceitos que trazem em si mesmo uma base comum, onde Jung, apesar de mapear, registrar e apontar a importância desse processo, não o destaca em sua extensa obra. Já, na teoria e prática psicanalítica de Montefoschi, o sujeito reflexivo é um conceito fundamental e central, tratando-se de um movimento “vivo”, o único que permite que o Eu seja envolvido pelas profundezas do inconsciente, revigorando-se e a partir dessa experiência e realizando a personalidade continuamente.


Cláudia Casavecchia


MONTEFOSCHI, “C.G Jung: Un pensiero in divenire". 1985.

TANESE NOGUEIRA, Adriana. A Psicologia Transpessoal da vida cotidiana, 2019.

 
 
 

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